O que gostarias de pesquisar?

Our News

MINERAÇÃO EM MAR PROFUNDO: AUMENTA A PRESSÃO PÚBLICA PARA QUE PORTUGAL DECLARE UMA MORATÓRIA

30 personalidades portuguesas escreveram ao Governo português para apelar a uma moratória à mineração em mar profundo na mesma semana em que o Governo da Região Autónoma dos Açores emitiu uma declaração pública concordando com a moratória à mineração nos mares deste arquipélago.

30 personalidades assinaram uma Carta Aberta  endereçada ao Governo português apelando a que a mineração em mar profundo seja considerada inviável, não apenas nas áreas mais vulneráveis, de alta biodiversidade ou áreas protegidas, mas em todo o oceano. A carta, iniciada pela ANP|WWF e pela Sciaena, é assinada por centistas, ex-ministros, artistas e especialistas em assuntos do mar e ambiente e apela a uma moratória até que os riscos ambientais, sociais e económicos sejam compreendidos de forma abrangente e esteja claramente demonstrado que esta atividade pode ser gerida de forma a assegurar a efetiva proteção do ambiente marinho, evitar a perda de biodiversidade e salvaguardar as comunidades costeiras e a saúde humana. 

Os subscritores consideram que o Governo português deve juntar-se a um número crescente de países (Alemanha, França, Espanha, Canadá, Nova Zelândia, Chile, Costa Rica, Equador, Panamá, Palau, Fiji, Micronésia, Samoa) e aplicar o princípio da precaução, declarando já uma moratória à mineração do leito do mar profundo sob jurisdição nacional e defender o mesmo para as águas internacionais nas reuniões da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) em março e julho de 2023. “Permitir a mineração em ambientes tão valiosos é um retrocesso e não um passo rumo a um futuro sustentável, equilibrado e equitativo. A prioridade do Governo deve ser, sim, a de promover e financiar investigação científica sobre o mar profundo, para que, em conjunto, possamos assegurar a sua proteção e a preservação dos seus ecossistemas”, pode ler-se na carta.

Esta carta surge na mesma semana em que, num debate promovido pela ANP|WWF e pela Sciaena no Arquipélago dos Açores, o Governo desta região autónoma declarou publicamente que concorda com a moratória à mineração em mar profundo nos mares deste arquipélago, seguindo um posicionamento já marcado pela grande maioria dos partidos representados no Parlamento Açoriano.

A mineração em mar profundo destina-se a extrair minerais como cobre, cobalto, níquel ou manganês do fundo do mar, com maquinaria pesada a operar em condições muito adversas e arriscadas (elevada profundidade e sujeitas a grande pressão), destruindo localmente ecossistemas e perturbando outros a largas centenas de quilómetros em redor. Apesar do pouco conhecimento científico sobre estes habitats e os potenciais impactos desta atividade, sabe-se que se a indústria avançar, a intensidade e os métodos de mineração poderão destruir habitats completos, extinguir espécies e comprometer os serviços que eles nos proporcionam, prejudicando também as populações locais, principalmente as comunidades costeiras.

 

A ANP|WWF e a Sciaena temem que, a iniciar-se esta atividade em Portugal, um dos locais preferenciais alvo de exploração poderá ser a Região Autónoma dos Açores, internacionalmente reconhecida como um oásis para a vida marinha, sendo inclusivamente casa ou ponto de passagem de grandes migradores oceânicos, muitos deles classificados, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), como Em Perigo ou Ameaçados, e cuja proteção ficará em risco.

 

A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA) encontra-se a elaborar regras e normas globais aplicáveis à mineração em mar profundo em águas internacionais, as quais serão provavelmente concluídas em meados de 2023. Uma área de 1,2 milhões de km2 de mar profundo em águas internacionais já foi licenciada para mineração pela ISA. 

 

São crescentes os apelos a uma moratória global sobre todas as atividades mineiras em mar profundo, liderados por Organizações Não-Governamentais locais e internacionais, líderes de comunidades, cientistas, governos e organizações pesqueiras, que consideram que a extração não deve avançar até que os riscos ambientais, sociais e económicos sejam compreendidos – e até que se explorem todas as alternativas aos minerais do mar profundo.

 

Lista de subcritoras/es da Carta Aberta: 


Ana Colaço, especialista em ecologia do mar profundo

Ana Hilário, investigadora

Assunção Cristas, professora universitária

Carla Amado Gomes, especialista em Direito do ambiente

Carlos Duarte, professor universitário

Catarina Barreiros, fundadora do projeto Do Zero

Francisco Castro Rego, presidente da ANP|WWF

Gonçalo Calado, professor universitário

Humberto Jorge, presidente da ANOPCERCO

Inês Santos Costa, especialista em economia circular

Joana Seixas, atriz

João Wengorovius Meneses, secretário-geral do BCSD Portugal

Júlia Seixas, professora universitária

Luísa Schmidt, professora universitária

Maria de Jesus Fernandes, bastonária da Ordem dos Biólogos

Maria José Costa, professora catedrática jubilada

Marina Carreiro-Silva, investigadora em ecologia do mar profundo

Marta Chantal Ribeiro, especialista em Direito do mar

Miguel Blanco, surfista

Nuno Sá, fotógrafo subaquático

Nuno Saraiva, ilustrador

Pedro Afonso, investigador

Philippe Prufer, representante da associação filantrópica AIEP

Ricardo Serrão Santos, investigador e ex-Ministro do Mar

Rui Cabral e Silva, presidente da Sciaena

Sofia Guedes Vaz, presidente da Sociedade de Ética Ambiental

Telmo Morato, investigador

Tiago Pitta e Cunha, especialista em assuntos do mar

Viriato Soromenho Marques, professor catedrático


 

PARTILHA!

Ajuda-nos a espalhar a mensagem

 

Donativos
Donativos